Politica

Mulheres no futebol: frente parlamentar em defesa do futebol feminino será lançada no RS

“Às mulheres não se permitirá a prática de desportos incompatíveis com as condições de sua natureza.” As palavras são do artigo 54 do decreto-lei número 3.199, assinado em 1941, que proibiu a prática do futebol feminino por quase 40 anos, até 1979. Para o governo da época, o esporte era considerado violento, e a natureza da mulher, frágil. Mais de quatro décadas depois a realidade mudou, contudo segue desigual se comparada com a modalidade masculina.

Com o objetivo de fazer articulação política e social para a valorização do esporte e das profissionais envolvidas (atletas, técnicas, dirigentes, jornalistas, árbitras), será lançada nesta sexta-feira (2), a Frente Parlamentar em Defesa do Futebol Feminino. O lançamento oficial acontecerá através de um seminário, com a intenção de ser um ato político que fortaleça o espaço e abra portas para o trabalho da frente a longo prazo, junto das instituições e sociedade, desde a base até a profissionalização. O seminário acontecerá a partir das 13h30, em modelo híbrido, no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul.

Proposta na Assembleia Legislativa pela deputada estadual Bruna Rodrigues e na Câmara Federal pela deputada federal Daiana Santos, ambas do PCdoB/RS, a Frente já conta com deputados e deputadas de vários partidos. Segundo destacam as parlamentares, a iniciativa busca ser um instrumento e espaço de auxílio no debate, no fomento e na organização do futebol feminino no estado do Rio Grande do Sul. Assim como busca analisar a situação do futebol feminino no estado, estimulando a elaboração de PLs, incentivando campeonatos e premiações, entre outros. A frente abrangerá as modalidades de futebol de campo, de futebol society e futsal.

“O futebol é, hoje, uma das maiores paixões dos brasileiros e brasileiras. Mobiliza, lota arquibancadas, faz a economia girar, mas infelizmente ainda afasta meninas e mulheres desse ambiente que deveria ser para todas e todos. Seja porque a prática desportiva é pouco valorizada, seja porque muitas vezes as torcidas são ambientes hostis a nós. Pensar a inserção e a valorização das nossas meninas e mulheres no futebol feminino precisa de atenção do poder público. E é esse o objetivo da nossa Frente Parlamentar, de refletir como a gente consegue articular políticas públicas dentro do estado, mas também no país para o fomento, o reconhecimento e a popularização dessa modalidade que, apesar do pouco investimento, dá muito orgulho ao povo brasileiro”, destaca Bruna.

Conforme ressalta a deputada Daiana, o futebol feminino é uma parte importante do cenário esportivo brasileiro, mas historicamente sempre enfrentou desafios significativos em termos de investimento, visibilidade e infraestrutura. “A frente parlamentar surgiu com o objetivo de promover políticas públicas e ações concretas que incentivem e fomentem o futebol feminino, buscando a equidade de oportunidades e o fortalecimento dessa modalidade esportiva. Como ex-atleta sei muito bem da importância do impacto das ações que ajudam o desenvolvimento da modalidade no país”, pontua a parlamentar.

De acordo com a deputada federal, atualmente ao analisar a questão do futebol feminino no país, é evidente que existem desafios a serem superados. “Embora tenhamos visto avanços nos últimos anos, como a maior visibilidade de competições e o aumento de investimentos em algumas equipes, ainda há muito a ser feito para alcançar a plena valorização e reconhecimento do futebol feminino de modo geral. Além disso, é preciso combater a cultura machista enraizada em alguns setores do esporte, que desvaloriza o futebol praticado por mulheres”, conclui.

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