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A Queda do Gigante: Como Fatores Políticos Contribuíram para o Rebaixamento do Grêmio

O rebaixamento do Grêmio para a segunda divisão do Campeonato Brasileiro em 2021 surpreendeu muitos torcedores e analistas. Com um elenco forte, salários em dia e caixa positivo, o clube gaúcho parecia ter todas as condições para se manter na elite do futebol nacional. No entanto, uma combinação de fatores, incluindo disputas políticas internas, levou à queda do tricampeão da Libertadores.

A pandemia de Covid-19 teve um impacto significativo, afastando jogadores importantes em momentos cruciais da temporada. Além disso, o clube enfrentava uma transição difícil após o fim de um ciclo vitorioso de cinco anos, com contratações que não corresponderam às expectativas e divisões no elenco.

Um fator menos óbvio, mas igualmente importante, foi a influência da política partidária. O presidente do clube, Romildo Bolzan, ex-prefeito de Osório (RS), passou a ser cotado pelo PDT para disputar o governo estadual ou uma vaga no Senado em 2022. Embora negasse publicamente, Bolzan dedicou tempo considerável a articulações políticas, visitando torcedores no interior e construindo alianças.

O afastamento de Bolzan do dia a dia do clube foi possibilitado pela autonomia dada ao então técnico Renato Portaluppi na gestão do departamento de futebol. Quando esse modelo se esgotou, o presidente demorou a reestruturar a área, contribuindo para os problemas em campo.

A possível candidatura de Bolzan também agitou a política interna do Grêmio. Com a perspectiva de sua saída antecipada, grupos de oposição começaram a se movimentar para eleger um sucessor. Isso resultou em vazamentos de problemas internos para a imprensa e críticas públicas, desgastando a diretoria.

Essa não foi a primeira vez que disputas políticas internas afetaram o desempenho do Grêmio. Em 2008, quando o clube liderava o Brasileirão com folga, conflitos semelhantes contribuíram para a perda do título para o São Paulo.

Embora não seja o único fator responsável pelo rebaixamento, a instabilidade política criou um ambiente de tensão constante ao longo da temporada. O clube que há poucos anos disputava o Mundial de Clubes contra o Real Madrid agora se vê obrigado a jogar a Série B.

Com o rebaixamento, a possível candidatura de Bolzan foi severamente prejudicada. No entanto, mesmo os apelos por união para superar a crise não devem ser suficientes para pacificar o ambiente interno do clube até a próxima eleição. O Grêmio agora enfrenta o desafio de se reconstruir não apenas em campo, mas também nos bastidores.

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