Tecnologia

Academia Digital: conheça as tecnologias usadas pelo Palmeiras para prevenir lesões no elenco

O Palmeiras é o clube que menos sofre com o departamento médico entre os rivais paulistas, como Corinthians, São Paulo e Santos. Este ano, apenas Bruno Tabata teve uma lesão muscular. Mas ao que se deve esse sucesso da fisiologia palmeirense?

Para entender melhor, o ge visitou a Academia de Futebol do Verdão para ver como o clube tem investido em tecnologia de ponta para manter uma taxa baixa de atletas fora por problemas físicos.

Palmeiras investe em aparelhos que até cumprimentam os atletas

Na visita, o fisiologista Vinicius Ponzio mostrou os equipamentos e os processos realizados dentro do clube, desde a análise do Núcleo de Saúde e Performance até a decisão de Abel Ferreira.

– O nosso maior objetivo é manter 100% do elenco à disposição do treinador. Por isso são feitas diversas análises e os atletas são monitorados desde o momento de sua chegada. Isso faz sentido. Se você mede, você consegue controlar bem – comentou Ponzio.

Para esta temporada, o planejamento da parte de saúde do Palmeiras começou cedo, ainda em 2022.

– Baseado nas últimas temporadas, nas quais o Palmeiras foi um dos clubes que mais jogou, apresentamos a proposta de dar mais dias de férias. Planificamos um modelo e estratégias. Disparamos um dispositivo para os atletas, com uma conectividade via bluetooth, onde avaliamos a intensidade, o grau de aquisição da atividade que os jogadores faziam. Isso foi muito benéfico – explicou.

Individualização
Esse é um dos principais fatores do sucesso da fisiologia palmeirense. E o exemplo de mais fácil visualização é o de uma pulseira que cada jogador usa.

Mas o que é essa pulseira? Na pré-temporada, todos os atletas passaram por uma bateria de testes e exercícios que estabeleceram suas métricas de treino – atualizadas constantemente. Por exemplo, força, carga, tempo e outros fatores.

Com isso, os dados são transferidos para as pulseiras e basta o jogador aproximar ela dos aparelhos para treinar com tudo já definido para ele.

Pulseiras individuais que trazem as informações de treino de cada jogador do Palmeiras — Foto: Henrique Toth
Pulseiras individuais que trazem as informações de treino de cada jogador do Palmeiras — Foto: Henrique Toth

O telão abaixo é algo presente em vários locais da Academia de Futebol. Nele são mostrados o controle de performance de cada atleta, como no caso do Dudu, o cronograma de treino daquele dia e informações essenciais para o jogador.

– Teve um impacto muito positivo. Eles chegaram e perceberam o quão impactante foi ter essa aparelhagem toda repaginada, com as telas ao redor do CT que compartilham todas as informações. Gerou um impacto muito positivo – disse Vinicius, que completou:

– Esse ano o clube também fez uma aquisição de uma ferramenta que faz circular informações, para termos um dinamismo melhor na tomada de decisões entre os setores.

Telas com informes e cronogramas de cada jogador estão espalhadas pelo CT do Palmeiras — Foto: Henrique Toth
Telas com informes e cronogramas de cada jogador estão espalhadas pelo CT do Palmeiras — Foto: Henrique Toth

Tudo é pensado para facilitar o acesso dos jogadores. Enquanto Bruno Tabata estava em processo de recuperação em uma das salas, durante nossa visita, observamos uma placa de orientações aos atletas:

– Jogadores, otimize a sua recuperação: massagem, bota compressiva, academia membros superiores, liberação miofascial, podologia/escalda pés e contraste.

Academia Digital: Palmeiras tem investido em estrutura cada vez mais tecnológica

Outro exemplo: na foto abaixo, é possível ver duas televisões acima de Ponzio. Consegue ver o que está escrito nelas? Na esquerda, “resumo do jogo”, e na direita, “bolas paradas”.

Enquanto o jogador treina, também consegue ver a última partida, seja melhores momentos ou jogadas de bola parada. No dia seguinte aos jogos, essas imagens já estão separadas e rodando sem parar nesses locais.

O próximo passo do clube é monitorar mais de perto o descanso de seus jogadores, adquirindo anéis que colhem dados e analisam o sono de cada um.

Gamificação?
A “gamificação” é o uso de mecânicas e características de jogos para motivar comportamentos e facilitar aprendizados. E como isso se encaixa dentro do futebol?

Ponzio explica que o ser humano, por natureza, é muito visual. E o atleta, além disso, também é competitivo. Com isso, o clube passou a gerar resultados e placares durante as atividades, incentivando uma competição interna.

– Nós, seres humanos, somos muito visuais. Os atletas, além de serem visuais, são competitivos. Quando é gerado scores, valores, um quer ser mais que o outro, quer ganhar aquela “competição”.

– Às vezes um atleta atinge um score em determinado exercício… Até uma simples chegada no clube. Ele já observa, cheguei depois que tal, amanhã chego mais cedo. Isso promove uma competição sadia internamente (risos) – falou o fisiologista.

A reportagem checou no “placar do leg press”, exercício para as coxas, uma lista que, além de servir como monitoramento para o Núcleo de Saúde e Performance, serve como uma disputa.

Weverton lidera esse ranking, pegando mais de 220kg no leg press em período de “aquisição”, seguido por Murilo e Marcelo Lomba.

E esse processo de facilitar o entendimento do atleta passa também nos equipamentos presentes na Academia de Futebol. Ponzio dá o exemplo em uma máquina para exercitar o peitoral.

Usando a pulseira de Raphael Veiga, o fisiologista mostra como os jogadores fazem para treinar. Basta aproximar da tela, e o equipamento já ajusta sua posição (banco e encosto) e a carga de acordo com as predefinições.

Academia Digital: pulseira traz predefinição para treino de jogadores do Palmeiras

No vídeo acima também é possível ver uma característica específica desses novos equipamentos. Uma bolinha faz com que o jogador acompanhe e execute o movimento da maneira correta, focando nas ações concêntricas (empurrar) e excêntricas (a volta) do exercício.

Processos
Com tudo isso em mãos, resta ao Palmeiras ter processos bem estabelecidos entre o Núcleo de Saúde e Performance e quem toma as decisões em campo, que é Abel Ferreira e sua comissão técnica.

E nesse quesito, os portugueses do Verdão são até mais do que receptivos em ouvir e buscar entender o que diz a área da saúde do clube. Por muitas vezes, chegam a procurar os fisiologistas para saber especificamente de um jogador.

– A comissão tem uma interação muito boa com todos os departamentos. A gente define muito bem os conteúdos, de uma forma bem individualizada. Em tempo real, no campo, vamos observando. Baseado no que a comissão vai fazer, sabemos quais as metas físicas individuais para aquele treino.

– Então estamos o tempo inteiro interagindo com a comissão, seja para subir um pouco o nível atlético do jogador, observando as métricas, ou até segurar um pouco aquele ímpeto natural da comissão. As informações são trocadas constantemente. Seja da carga externa, o quanto ele percorre, ou quanto ele está percebendo, através da frequência cardíaca, o peso da atividade – comentou Ponzio.

Mas além desta troca humana de informações, a comissão técnica do Palmeiras pode contar com tudo na palma da mão. João Martins, um dos auxiliares de Abel, é visto constantemente com um tablet em campo.

Neles são informadas métricas e percentuais que podem servir para entender se tal jogador pode entregar um ritmo mais forte ou qual precisa diminuir. É daí, inclusive, que saem muitas das substituições durante os jogos.

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