Politica

Nove Trabalhadores Argentinos Resgatados em Condições Análogas à Escravidão no Rio Grande do Sul

Em um novo caso de resgate de trabalhadores em condições análogas à escravidão, nove indivíduos, sendo oito de nacionalidade argentina, foram encontrados em uma propriedade rural em Flores da Cunha, no Rio Grande do Sul. A operação ocorreu na madrugada do dia 2 de fevereiro de 2025 e foi realizada por uma força-tarefa composta por Auditores-Fiscais do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Polícia Federal e Brigada Militar. Este resgate é o segundo registrado na colheita da uva em menos de uma semana, evidenciando a gravidade da situação na região.

A ação foi desencadeada após uma ocorrência registrada junto à Brigada Militar, que acionou as autoridades competentes. Os trabalhadores estavam em condições precárias, alojados em uma casa de madeira deteriorada, com frestas, telhado danificado e fiação elétrica exposta. A situação alarmante dos resgatados destaca a necessidade de fiscalização rigorosa nas atividades agrícolas, especialmente durante períodos de colheita.

Este resgate é parte de um contexto mais amplo, onde, em fevereiro do ano passado, uma operação semelhante resultou na libertação de 22 trabalhadores argentinos na mesma região. Com este novo resgate, o total de intervenções realizadas no estado em 2025 chega a nove. O Brasil completa este ano 30 anos do reconhecimento oficial do trabalho análogo à escravidão, um marco que ressalta a importância de continuar combatendo essa prática.

Desde 1995, aproximadamente 65,6 mil pessoas foram resgatadas em condições análogas à escravidão em mais de 8,4 mil ações fiscais em todo o país. Em 2024, foram registrados 2.004 trabalhadores nessas condições, evidenciando que, apesar dos avanços, o problema persiste e requer atenção contínua das autoridades e da sociedade.

Os trabalhadores resgatados relataram que foram contratados com a promessa de um pagamento semanal acima da média da região, além de alimentação e alojamento. No entanto, ao iniciarem as atividades, perceberam que o valor pago por quilo de uva colhida era muito inferior ao acordado, mesmo cumprindo jornadas exaustivas de 12 horas diárias. O pagamento, que deveria ser feito aos sábados, estava atrasado há duas semanas, o que agravou ainda mais a situação.

A força-tarefa também constatou que a alimentação só era fornecida caso houvesse trabalho. Um dos trabalhadores, mesmo ferido na mão, continuava a trabalhar para não ficar sem comida. Essa situação revela a vulnerabilidade dos trabalhadores, que, sem recursos financeiros, não tinham como deixar a propriedade ou retornar ao seu país de origem. As falsas promessas e as condições degradantes de trabalho caracterizaram a submissão a condições análogas à escravidão.

O empregador responsável pela exploração foi preso em flagrante e levado à Delegacia da Polícia Federal em Caxias do Sul. Ele foi notificado a efetuar o pagamento das verbas salariais e rescisórias até o dia 4 de fevereiro. Além disso, o MTE está providenciando a inscrição no CPF e a emissão das Carteiras de Trabalho para os trabalhadores argentinos, permitindo a formalização do vínculo empregatício e o acesso ao seguro-desemprego.

A situação dos trabalhadores resgatados em Flores da Cunha é um lembrete da importância de continuar a luta contra o trabalho escravo no Brasil. A atuação das autoridades e a conscientização da sociedade são fundamentais para erradicar essa prática e garantir que todos os trabalhadores tenham seus direitos respeitados e protegidos.

Artigos relacionados

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Botão Voltar ao topo