A morte de Agomar Martins representa uma grande perda para o futebol gaúcho e para a arbitragem brasileira como um todo. Com 94 anos, Agomar Martins faleceu em Porto Alegre deixando um legado marcante construído ao longo de décadas dentro e fora dos gramados. Agomar Martins era conhecido pelo estilo firme e pela postura enérgica, características que o tornaram um dos árbitros mais respeitados e temidos da sua geração. Seu nome está diretamente ligado aos principais clássicos do Rio Grande do Sul e sua trajetória é referência para os profissionais da arbitragem até os dias atuais.
Durante sua extensa carreira, Agomar Martins apitou aproximadamente 980 partidas entre os anos 1950 e 1970, tornando-se um dos juízes mais ativos do período. Sua atuação em campo sempre foi marcada pela seriedade e pela autoridade nas decisões. Um dos grandes feitos de Agomar Martins foi ser o segundo árbitro que mais apitou Gre-Nais na história, com 23 clássicos sob sua responsabilidade. Apenas Carlos Rosa Martins apitou mais vezes o confronto entre Grêmio e Internacional. Esse dado confirma a confiança que dirigentes e torcedores tinham na imparcialidade e competência de Agomar Martins.
Um dos episódios mais lembrados envolvendo Agomar Martins foi a expulsão de Pelé em um confronto entre Santos e Grêmio no Parque Antártica, em 1968. Esse momento histórico demonstra como Agomar Martins não se deixava influenciar por nomes consagrados ou pressões externas. Também foi ele quem apitou a inauguração do Estádio Beira-Rio em 1969, evento marcante para o futebol gaúcho. Agomar Martins sempre esteve presente nos momentos decisivos e sua condução dos jogos era admirada até mesmo pelos atletas.
Outra passagem polêmica e que reforça a personalidade firme de Agomar Martins aconteceu no clássico Gre-Nal de 1977. Na ocasião, ele marcou um pênalti para o Internacional, mas voltou atrás na decisão após a intensa reclamação dos jogadores do Grêmio. O episódio entrou para a história como um dos lances mais controversos do clássico gaúcho e até hoje é motivo de debates entre torcedores. Agomar Martins demonstrava que era humano, mas também que sua atuação era sempre baseada em critérios técnicos, mesmo quando corrigia decisões em campo.
Além da carreira no futebol, Agomar Martins também foi um empresário de sucesso no setor imobiliário e proprietário de motéis na Região Metropolitana de Porto Alegre. Fora do ambiente esportivo, Agomar Martins era um homem multifacetado, conhecido por sua paixão pela música e por cantar boleros em reuniões com amigos. Esse lado artístico pouco conhecido do público reforça a complexidade de sua personalidade. Agomar Martins foi muito mais que um árbitro, foi uma figura cultural respeitada no cenário gaúcho.
A morte de Agomar Martins marca o fim de uma era na arbitragem esportiva. Suas contribuições ultrapassam o apito e os gramados e influenciaram gerações de árbitros no Brasil. A postura ética, a disciplina e o comprometimento com a justiça esportiva fizeram de Agomar Martins um exemplo a ser seguido. Muitos profissionais que hoje atuam nos principais campeonatos do país têm em Agomar Martins uma referência sólida e inspiradora.
O velório de Agomar Martins acontecerá na capela G do Cemitério São Miguel e Almas, em Porto Alegre, a partir do meio-dia do dia 29 de maio. O sepultamento está previsto para as 16h no Cemitério São João, também na capital gaúcha. Familiares, amigos, ex-colegas de profissão e admiradores terão a oportunidade de prestar suas homenagens finais a um dos maiores nomes da arbitragem brasileira. A despedida de Agomar Martins será marcada por respeito e reverência à sua grandiosa trajetória.
Agomar Martins permanecerá para sempre na memória do futebol brasileiro como um árbitro que soube conduzir grandes clássicos com coragem e retidão. Sua história é parte do patrimônio esportivo do Rio Grande do Sul e sua ausência será profundamente sentida por todos que reconhecem a importância da arbitragem para o espetáculo do futebol. O legado deixado por Agomar Martins será lembrado por muitas gerações e continuará inspirando os amantes do esporte.
Autor: Kozlov Lebedev