Recentemente um homem de trinta e sete anos faleceu ao sofrer uma parada cardiorrespiratória durante uma partida de futebol sete em Frederico Westphalen, no noroeste do Rio Grande do Sul. Ele passou mal logo no início da disputa, foi socorrido por colegas até a chegada do serviço de urgência, mas infelizmente não resistiu. Esse episódio levanta reflexões sobre a fragilidade de situações aparentemente cotidianas no esporte amador e demanda uma abordagem preventivo‑tecnológica para salvaguardar vidas.
Em muitas partidas amadoras, os cuidados com atendimento emergencial são mínimos ou inexistentes. Não é raro ver jogos organizados em campos improvisados sem ambulância, sem desfibrilador ou sem profissionais capacitados para aplicar procedimentos de ressuscitação cardiopulmonar. Diante disso, torna‑se urgente que organizadores, clubes e federações locais adotem protocolos mínimos de segurança, considerando exigências como presença de equipamento para desfibrilação automática, equipe de primeiros socorros treinada e comunicação rápida com serviços médicos.
A tecnologia pode desempenhar papel decisivo nessa transformação. Hoje há aplicativos que mapeiam unidades de saúde próximas e simulações de rotas de urgência, sistemas que acionam automaticamente equipes médicas com coordenadas geolocalizadas e dispositivos portáteis que verificam sinais vitais instantaneamente. Se esses recursos forem integrados ao planejamento das partidas, ainda em campo amador, o risco de atraso no atendimento diminui drasticamente.
Além disso, sensores vestíveis conectados a apps podem monitorar frequência cardíaca, ritmo de respiração e saturação de oxigênio dos atletas enquanto jogam. Em casos de variações abruptas, alertas podem ser emitidos para a comissão técnica ou para sistema central de socorro, indicando potencial mal súbito antes que ele evolua. Essa antecipação poderia salvar vidas, especialmente em locais remotos ou com estrutura de saúde precária.
Mas não basta a tecnologia sem preparo humano. É essencial capacitar árbitros, organizadores e líderes comunitários em noções de primeiros socorros e manobras de reanimação. Simulações regulares e treinamentos práticos criam memórias musculares, reduzem pânico e elevam a chance de resposta efetiva. Quando a tragédia ocorrida no Rio Grande do Sul se repete, a diferença pode estar em quem souber agir com rapidez e técnica.
Também é fundamental promover cultura de responsabilidade social no esporte comunitário. Que cada torneio ou amistoso tenha checklists de segurança, exigindo presença de equipamentos básicos (ligação para socorro, ambulância ou veículo equipado, aparelho de desfibrilação automática). Essa cultura deve ser internalizada por dirigentes, atletas e público, para que segurança não seja luxo, mas obrigação.
A comunicação pública desse tipo de fato também tem importância. Quando organizações ou veículos locais divulgam não só o episódio, mas as lacunas de segurança que ele revela, criam pressão para que outros organizadores melhorem seus protocolos. A cobertura pode estimular adoção de boas práticas em municípios vizinhos e orientar atletas e clubes a exigir condições mínimas em jogos amadores.
Por fim, a morte ocorrida durante um jogo no Rio Grande do Sul é um alerta duro, mas pode estimular mudança. Se tecnologia, preparo humano e cultura de segurança forem integrados ao futebol comunitário, será possível evitar que ocorrências como essa se repitam. O esporte tem valor imensurável, mas exige respeito à vida em cada passe, cada jogada e cada minuto.
Autor: Kozlov Lebedev