Recentemente foi denunciado que ex‑dirigentes do Brasil de Pelotas podem ter desviado cerca de setecentos e setenta mil reais do clube por meio de fraudes envolvendo patrocínios, bilheterias, receitas de sócios e premiações. A denúncia foi feita pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul e revela uma preocupação crescente com a forma como instituições esportivas administram recursos. Esse episódio gera pergunta importante sobre como o uso de tecnologia, auditoria digital e governança pode prevenir esse tipo de problema.
Um dos pontos centrais é a necessidade de sistemas de controle financeiro robusto, baseados em registros digitais, com cadeia de responsabilidade clara. Softwares de gestão financeira que geram trilhas de auditoria permitem identificar quem assinou ou autorizou cada movimentação financeira, o que dificulta a ação de quem quer desviar recursos. Quando clubes esportivos adotam essas plataformas, ganham em transparência e credibilidade, o que pode inclusive atrair patrocinadores mais exigentes.
Além disso, a tecnologia de inteligência de dados pode ser usada para cruzar informações de receitas e despesas de forma automática. Algoritmos podem sinalizar discrepâncias, como valores de bilheteria que não correspondem ao público presente ou patrocínios recebidos que não são refletidos nas contas. Esse tipo de análise pode antecipar problemas antes que eles cresçam. No caso do Brasil de Pelotas, houve apuração de divergências envolvendo repasses de entidades oficiais e programas de sócios, o que demonstra a importância de monitoramento constante.
A governança institucional também precisa se modernizar, incorporando auditorias externas independentes, com uso de plataformas tecnológicas que permitam acesso controlado de partes interessadas às demonstrações financeiras. Dessa forma, conselheiros, membros do clube ou mesmo sócios podem acompanhar em tempo real ou quase real como os recursos estão sendo aplicados. Essa abertura ajuda a estabelecer confiança com a comunidade e limitar espaços para desvios.
Outra vertente que a tecnologia possibilita é a digitalização de documentos fiscais, contratos e pagamentos. Em vez de depender apenas de papéis físicos ou de registros pouco padronizados, contratos digitalizados, assinaturas eletrônicas e registros em nuvem com backup seguro garantem rastreabilidade. Esse cuidado tende a tornar mais difícil que valores sejam transferidos para contas pessoais sob justificativas dúbias, algo que aparece em denúncias como as do Brasil de Pelotas.
Ferramentas de compliance (conformidade) esportiva integradas a sistemas financeiros são essenciais também. Elas permitem automatizar verificação de requisitos legais, fiscais e regulatórios, verificando prazos, obrigações tributárias, contratos de prestação de serviços e notas fiscais. Quando há falhas nesse ambiente, responsabilidades aumentam, como ocorre quando ex‑dirigentes respondem por apropriação indébita ou associação criminosa.
A comunicação ao público sobre os resultados dessas auditorias e controles tecnológicos também importa muito. Se um clube esportivo adota práticas transparentes e divulga relatórios compreensíveis, ele constrói reputação. No cenário em que ex‑dirigentes do Brasil de Pelotas foram denunciados e o clube vivencia processos de recuperação, mostrar que há ações corretivas com tecnologia e governança repara imagem junto a torcedores, sócios, patrocinadores e meios de comunicação.
Por fim, o investimento em capacitação humana para operar essas tecnologias e manter controles constantes não pode ser negligenciado. Softwares sozinhos não resolvem sem pessoas treinadas, dispostas a agir com ética. Se dirigentes, gestores financeiros, auditores internos puderem entender ferramentas de auditoria digital, compliance e sistema de dados, e agir proativamente, clubes reduzem muito seus riscos de sofrer casos como os que vieram a público no Brasil de Pelotas.
Autor: Kozlov Lebedev
